Dissemos […] que o Tennô [1] é como a encarnação do Shintô, pelo fato de que e ele descende, através de Jimmu Tennô, Fundado do Império, da Deusa solar Amaterasu-Omikami; resta-nos falar das prerrogativas espirituais que esta origem e esta função implicam. Podemos, por analogia, fazer uma ideia dessas prerrogativas referindo-nos ao caso muito semelhante, no Islã, dos xerifes — os descendentes do Profeta —, que gozam de uma situação humana e mesmo escatológica privilegiada: Deus os perdoou de antemão graças à barakah [2] de seu sangue mohammediano [3]; deve-se aceitar suas faltas eventuais como se aceitam decretos divinos, com paciência e mesmo, se possível, com gratidão; sua bênção é benéfica, sua cólera traz infelicidade; se são piedosos, têm todas as chances de atingir a santidade.
Privilégios como estes, que não têm nada de arbitrário, por mais surpreendentes que possam parecer à primeira vista, ligam-se a toda linhagem de origem “avatárica” [4], portanto tambem à de Jimmu Tennô, que, este, tem incontestavelmente a qualidade de “Profeta”; mas, como “noblesse oblige” [5], a qualidade de xerife ou de Tennô exige as virtudes de que o Ancestral respectivo era como a encarnação.
Segundo o que acabamos de dizer, é plausível que a divindade do Tennô não poderia ser “abolida” nem por um decreto qualquer, nem pelo próprio Imperador, cujo pensamento individual não tem poder sobre a qualidade imperial e as virtualidades que ela comporta.
Notas
[1] O Imperador do Japão. (N. do E.)
[2] Palavra árabe que significa “bênção”, “força espiritual”. (N. do E.)
[3] “De Mohammed”, ou seja, “de Maomé”. (N. do E.)
[4] Um avatâra é, no Hinduísmo, uma encarnação divina. (N. do E.)
[5] Provérbio francês: “a nobreza obriga”, ou seja, “cria uma obrigação”. (N. do E.)
Schuon, Images de l’esprit, Le Courrier du Livre, Paris, 1982, pp. 50-51.
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